Saiba como Fundamentar os seus Recursos
Quando está se preparando para um concurso, o candidato deve ficar
atento a diversos itens que constam no edital:
programa de estudo, prazo de inscrição, data da prova, e um outro item
muito importante, e que pode definir sua classificação, o prazo para
RECURSOS. Veja dicas de um especialista.
Em quase todas as seleções, candidatos contestam questões, por
discordarem de sua formulação ou do padrão de resposta elaborado pela
banca. O advogado Sergio Camargo, especialista em concursos públicos,
aconselha que os candidatos só recorram quando tiverem embasamento, e
não para tentar ganhar mais pontos. "Quando tiver a certeza de que a
resposta apresentada é correta, seja em qualquer tipo de prova, que ela
está de acordo com o entendimento dos escritores, com as doutrinas,
recorra.
Mas muitos candidatos têm o costume de recorrer de
tudo... Eu, quando concurseiro, nunca fiz isso, e hoje como advogado não
aconselho ninguém a fazer. Recorrer de tudo, de qualquer, coisa me
parece bagunça. Recorrer apenas porque está precisando de pontos eu não
concordo", diz.
Segundo Sergio, as organizadoras já recebem os recursos dispostas a
negá-los. "Como muitos candidatos entram com recursos contra tudo, o que
é deselegante, e desmoraliza o próprio concorrente, as bancas tendem a
ter uma postura reticente - muitas vezes existe a recomendação para
negar tudo, todos os recursos. Alguns candidatos vêm com uma boa
justificativa, e tem a sua nota alterada, mas a maioria recorre por
recorrer, e o examinador acaba perdendo um longo tempo naquilo".
O
advogado diz que, no geral, poucas questões são efetivamente alteradas.
"A maior parte das questões é mantida, e isso ocorre por dois motivos:
incompetência dos candidatos em elaborarem um recurso. E a má vontade
das bancas", comenta.
Na hora de elaborar um recurso o candidato
deve ser direto. É o que explica Sergio Camargo. "O examinador não tem
paciência para conversa fiada, e percebe quando o aluno está jogando
conversa fora. Tem que estar bem fundamentado. E é preciso que o
candidato tenha modéstia, muita, ele não precisa agredir o examinador.
Os argumentos devem ser apresentados sem constrangê-lo. Opiniões
pessoais devem ser evitadas, deve ser uma abordagem bem técnica,
objetiva", declara. Candidatos que costumam se alongar muito podem se
prejudicar no pedido.
"A argumentação deve ser curta, tem candidato que adora ficar dando
voltas, enchendo linhas, e isso não leva a lugar algum. Quanto maior o
texto, mais chance o candidato tem de se enrolar e ter seu recurso
ignorado". Sergio Camargo aconselha que se evitem elementos emocionais.
"Não importa para o julgador se você estava com algum problema familiar,
se estava calor na sala, se se esforçou nos estudos. Repito, o
candidato tem que ser técnico e objetivo", diz
Em alguns concursos de grande porte, candidatos costumam se mobilizar
para enviar recursos contra determinadas questões. Mas é preciso
cuidado com essa prática, argumenta Sergio. "As bancas desconsideram
recurso padrão, negam tudo que é feito em coletivo. Cada candidato deve
ter o seu argumento, não pode existir um recurso padrão". Quando uma
questão é anulada, o ponto costuma ir para todos os candidatos. Mas,
acredite, não é necessário ser assim. "Quando uma questão é anulada ou o
ponto vai para todos os candidatos, ou não vai para ninguém. Em regra,
vai para todos. Fica a critério da organizadora", diz.
Para o
advogado, um dos grandes problemas dos concursos realizados no país é a
falta de uma legislação. "Tudo fica a critério da organizadora, não
existe lei. O edital é uma norma que, na total ausência da lei, serve
como regra. Mas os editais são ruins, fracos, feitos de forma omissa.
Juridicamente grande parte dos editais pode ser questionada. O grande
problema é o Estado que não regula, não se estrutura normativamente. Já
era para existir um estatuto do concurso público no país", afirma.
Apesar
da importância de ter um estatuto, Sergio esclarece que algumas coisas
não irão mudar. "Fora as questões de Lógica, Matemática, que são sempre o
mesmo resultado; de resto tudo fica como está. No Direito, na Língua
Portuguesa, é tudo muito subjetivo. Pode existir a lei do concurso e
isso não irá mudar, ao menos no que diz respeito aos recursos, pois são
disciplinas muito subjetivas. Mas, teremos regras mais justas, vai
estabelecer regras para as bancas", comenta.
Em alguns editais não consta o item para que os candidatos entrem com
recurso, o que é inaceitável para Sérgio Camargo. "Em todos os editais
devem constar os prazos e procedimentos para recursos. A banca não pode
evitar ou omitir isso. Todo cidadão tem direito à ampla defesa, tem que
caber o recurso. Se isso não estiver previsto no edital, o candidato
deve e pode entrar na justiça".
Para Sergio, as bancas não
deveriam taxar os recursos. Neste ponto, novamente a falta de uma lei
permite cobranças, por vezes, abusivas. "Não tem o estatuto, o projeto
se arrasta em Brasília, portanto, elas podem cobrar. Que seja um valor
simbólico, nem assim vale. O custo do serviço de eventuais recursos já
deveria estar embutido na taxa de inscrição", diz.
O advogado
deixa um recado para os candidatos. "Se preparem, tenham calma durante a
realização da prova, e se forem recorrer, busquem desenvolver uma
argumentação técnica, embasada, e da forma mais razoável com o
examinador. Não tente provar que ele está errado, e sim que a sua
resposta também pode estar correta", finaliza.
Fonte: Folha Dirigida
Disponível em: http://www.gabaritofinal.com.br/2013/08/saiba-como-fundamentar-os-seus-recursos.html